quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Projeto visa melhoramento genético do tambaqui

Iniciativa é mais um passo rumo à certificação do produto que começa a ganhar mercado interno

Da Revista Sebrae Agronegócios

Fernando Bizerra Jr/BGpress
Fernando Bizerra Jr/BGpress

O peixe foi atração, em 2006, no festival gastronômico que mobiliza chefs da região

Brasília - Em Pimenta Bueno (RO), a 500 quilômetros de Porto Velho (RO), os pratos feitos com tambaqui são os mais pedidos na Pizzaria e Restaurante Toldu’s, localizada no centro da cidade. Os clientes que vão em busca da iguaria amazônica contam com um variado cardápio: tambaqui à moda; costelinha de tambaqui agridoce e até o tambaqui au limonade – com sotaque francês e tudo! Uma delícia. A boa nova é que a qualidade do alimento vai melhorar ainda mais.

Um programa de melhoramento genético do tambaqui está dando os primeiros passos no Estado. Além do sabor, o tambaqui possui uma carne rica em ômega 3, gordura de baixa caloria que previne problemas cardiovasculares. Em 2006, o peixe foi atração no Cacoal Sabor, festival gastronômico que agita os chefs da região em busca das melhores receitas.

Mas, segundo o proprietário da Toldu’s, Delmar José Sepp, faz pouco tempo que o tambaqui “caiu” no gosto da clientela. Com 18 anos de experiência no ramo da alimentação, Sepp incluiu o tambaqui no cardápio do restaurante, mas sem muito sucesso. Ele conta que havia uma forte rejeição ao produto por parte dos clientes. “Antes, o peixe tinha gosto de terra, era um sabor forte e o pessoal reprovava”, lembra ele.

A mudança no paladar da carne do peixe está associada à criação do tambaqui em cativeiro, desenvolvida pelo projeto Piscicultura no Centro Sul de Rondônia, uma parceria do Sebrae, com o Banco da Amazônia, o Banco do Brasil, o governo do Estado, a Emater e quatro associações de piscicultores.

Um dos produtores rurais que aprenderam a arte de criar o tambaqui nos tanques e alimentá-los com rações especiais, livrando o peixe do sabor desagradável que afugentava os consumidores, foi o filho de imigrante japonês Megumi Yokoyama, conhecido como ‘seu’ Pedrinho. Ele é um dos beneficiados do projeto, que é desenvolvido em dez municípios de Rondônia, tais como Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Rolim de Moura, Nova Brasília e Alta Floresta D’Oeste.

A Piscigranja Boa Esperança, propriedade de ‘seu’ Pedrinho, é o maior produtor de peixes do município. Além de criar alevinos de boa matriz genética, beneficia milhares de quilos por semana de peixes engordados em outros criatórios da região. Cada etapa é cuidadosamente supervisionada pelo piscicultor. “O importante é ter sempre o produto a bom preço para manter o cliente”, costuma aconselhar.

Como tem pouco espaço em sua propriedade, ocupa-se principalmente da alevinagem para manter a qualidade genética. Assim, ele procurou criar uma rede de produtores que se estende até Ouro Preto do Oeste, a 200 quilômetros de Pimenta Bueno. Montar essas parcerias não foi fácil. “Custou muito para fazer os fazendeiros da região acreditarem que não é só gado que dá dinheiro”, conta ‘seu’ Pedrinho. Segundo ele, atualmente os fazendeiros são companheiros de trabalho. “Eu aprendo com os outros e eles, comigo”.

A experiência de criação em cativeiro de tambaqui e outros peixes regionais, apoiada pelo Sebrae, começou a ser implantada em 2003 com a participação de 102 produtores. Nesse ano, a produção do tambaqui em Rondônia cresceu 11%, o que equivale a cerca de 230 mil quilos de peixe a cada seis meses. Em um ano, foram criados cerca de 400 empregos diretos na cadeia produtiva da piscicultura.

O resultado animador fez com que o Sebrae encomendasse uma pesquisa para saber qual a aceitação da carne do tambaqui no mercado. Foram pesquisados consumidores em dez capitais e mais três cidades do interior de São Paulo. Para a alegria dos produtores, a conclusão foi a de que a procura pelo tambaqui é bem maior do que a oferta.

Rumo à certificação

Passada a primeira fase de implantação, o projeto caminha para uma nova vertente. Os técnicos do Sebrae, Emater e Secretaria Estadual de Agricultura, da Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social (Seapes) querem agora estudar o tambaqui com o objetivo de realizar o melhoramento genético da espécie. A pesquisa será desenvolvida ao longo desses próximos dois anos e ajudará no processo de certificação do tambaqui produzido em Rondônia.

Na primeira etapa do programa está a avaliação populacional do tambaqui para identificar as famílias que compõem os estoques de reprodutores nos dois maiores criadores de alevinos que abastecem a região centro-sul do Estado: a Piscigranja Boa Esperança e a Piscicultura Vale Verde. “Nos últimos anos, os programas de aqüicultura passaram a dar importância às avaliações genéticas”, observa o pesquisador e oceanólogo Danilo Pedro Streit Júnior. “Estudos envolvendo marcadores moleculares vêm sendo utilizados com sucesso na avaliação da diversidade genética dos estoques naturais e cultivados de várias espécies de peixes”, complementa.

O projeto teve início em agosto de 2005, com um diagnóstico realizado pela Emater, constatando a baixa sobrevivência (média de 50%), crescimento desigual, falta de padronização no ganho de peso e matrizes e reprodutores com grande possibilidade de consangüinidade. Dando continuidade em novembro de 2006, com a coleta de dados para a avaliação dos reprodutores com aparelhos de alta freqüência que faz a identificação por meio de um radar. “O rastreamento do peixe é importante na hora de promover o acasalamento em cativeiro com vistas ao melhoramento genético”, explica o especialista. Em verdade, o que busca evitar é a consangüinidade, o que pode provocar deformações genéticas.

Outra vantagem do melhoramento genético é não utilizar antibióticos, dioxinas e outras substâncias proibidas e que podem ser detectadas em exames. De acordo com o pesquisador, essas medidas são fundamentais para que o produtor brasileiro tenha chance de garantir seu espaço no mercado nacional e internacional. “É preciso atender às expectativas do mercado”, ensina ele. Após a coleta de material genético – em geral, as partes da nadadeira caudal – e a marcação dos peixes, eles são liberados em um tanque e mantidos separados dos demais reprodutores.

O material colhido é encaminhado para o Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Estadual de Maringá (UEM/PR). Lá, o material é processado, quantificado e amplificado por meio da utilização da técnica de RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA). A técnica identifica a variabilidade genética dos reprodutores.

De certo, os piscicultores de Rondônia já sabem: o melhoramento genético vai multiplicar os bons resultados obtidos até agora pela criação de peixes em cativeiro.

Serviço:
Agência Sebrae de Notícias

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Melhoramento Genético em Peixes – Uma Revolução na Aquicultura do Brasil

Fonte: Emiko Kawakami de Resende, Ricardo Pereira Ribeiro, Ângela Puchnik Legat, Celso Benites. Embrapa Pantanal, publicado em Corumbá on line
“Se nada mais for feito, a produção dobra após sete gerações!” Esta é a perspectiva quando se aplica melhoramento genético dirigido para peixes.

A pesca possui grande importância para a segurança alimentar do planeta, mas vem sendo insuficiente para atender à demanda mundial. Alguns estoques pesqueiros estão sob risco de esgotamento, particularmente aqueles de espécies de grande valor econômico como o salmão e o bacalhau. O cultivo surge como uma oportunidade para atendimento a essas necessidades. A aqüicultura mundial vem contribuindo com valores crescentes, com taxas superiores a 10% ao ano, tendo alcançado valores de 49 milhões de toneladas em 2001, gerando receitas da ordem de US$ 62 bilhões. Entretanto, essa produção é desigual no mundo. Os países asiáticos são os campeões. Na América Latina, o Chile é o principal produtor, com 631,9 mil toneladas, seguido pelo Brasil com 210 mil toneladas. E o Brasil possui 13% da água doce do mundo! O que falta ao Brasil? Como o país possui grande produção pecuária e aviária e tradição de consumo de carne desses animais, o consumo de peixes é baixo devido ao preço elevado dos mesmos, aliado à falta de produtos que cheguem quase prontos à mesa do consumidor, bem como a diversificação e oferta contínua para atendimento para todos os tipos de consumidores.

É sabido, entretanto, que a carne de peixes possui alta qualidade para a saúde humana, sendo indicada pelas organizações de saúde em todo o mundo como o tipo de alimento mais adequado considerando os aspectos da vida moderna.

Então, porque a produção de peixes é tão pequena no Brasil? Para as espécies exóticas, que já possuem tecnologias desenvolvidas, como a tilápia e o camarão Litopennaeus vannamei, a situação é bem diferente. Quando se trata de espécies nativas e o Brasil é o país de maior diversidade em peixes, a situação é bastante constrangedora. Nas estatísticas do Ibama de 2000, aparecem como principais espécies cultivadas a carpa e tilápia, espécies exóticas, perfazendo 65% do total. Dentre as espécies nativas, apenas o tambaqui aparece com algum valor significativo, da ordem de 7%, seguido pelo seu híbrido, o tambacu, com 6,5%. Por falta de tecnologias, muitos produtores tem optado pela hibridação de espécies, tentando ganhos maiores, mas que se mostra não permanente, pois há necessidade constante de efetuar essas hibridações, com ameaças ambientais desconhecidas, na medida em que muitos desses híbridos vêm se mostrando férteis e suas proles, ao escaparem para a natureza (e a literatura está cheia de exemplos), podem provocar grandes acidentes genéticos.

Como resolver esse problema?
As commodities em que o Brasil é campeão de produção, estão relacionadas a produtos que tiveram tecnologias avançadas incorporadas em sua produção, como é, por exemplo, a soja. Nesse caso, o melhoramento genético foi o ponto chave, no processo de tropicalização dessa planta.

Acreditamos e temos convicção de que o melhoramento genético também é a chave para o desenvolvimento da piscicultura com espécies nativas do Brasil, como o tambaqui, o pacu, o pintado e a cachara, dentre outras. Melhoramentos genéticos dirigidos efetuados com peixes têm mostrado um potencial de ganho na taxa de crescimento, em média, de 15% por geração, como foi observado na tilápia GIFT (Genetically Improved Farming Tilápia), salmão do Pacífico e do Atlântico, truta arco-íris e bagre do canal. É um ganho genético bem significativo comparando-se com animais terrestres, o que é possível pelo fato dos peixes apresentarem uma grande variação genética para taxa de crescimento e alta fecundidade, o que possibilita aplicar-se uma alta intensidade de seleção. É ainda um ganho permanente e pode ser aplicado por um grande número de gerações, diferentemente da hibridação.

O principal benefício do melhoramento genético para taxa de crescimento é a redução dos custos fixos e custos de produção, devido ao menor requerimento para a manutenção. No programa Norueguês, o qual supre hoje mais de 70% do mercado de ovos geneticamente melhorados de salmão do Atlântico e truta arco-íris, há uma taxa de custo/benefício de 1/15, ou seja, para cada real investido, há um retorno esperado de R$ 15,00.

Ao se realizar um melhoramento genético dirigido, com base em uma grande variabilidade genética inicial, assegura-se a existência de variabilidade suficiente para se alcançar as melhorias desejadas para sucessivas gerações.

E como funciona esse melhoramento genético dirigido?

Aplica-se metodologia que se inicia com a identificação da variabilidade necessária, através de técnicas genéticas. Após a constatação dessa variabilidade é adotada uma metodologia de seleção dirigida, com a identificação de todos os reprodutores e escolha dos que apresentam taxa de crescimento mais elevada para sucessivos cruzamentos e melhora de desempenho. Cada nova geração melhorada serve de base para o próximo passo e se estima que na sétima geração tenham alcançado o dobro da taxa de crescimento da população original.

As linhagens melhoradas são distribuídas a produtores selecionados que poderão produzir formas jovens de alta qualidade para venda aos que vão fazer a engorda. Dessa forma, o ganho em cada geração é repassado para o setor produtivo, possibilitando melhorias sucessivas na sua produtividade. Espera-se, com isso, aquele salto tecnológico necessário para garantir a produção aquícola sustentável, com redução de impactos ambientais, integrando-se o uso destas linhagens melhoradas e avaliadas sob o ponto de vista da oferta de dietas adequadas, com baixo impacto ambiental, biosseguridade, rastreabilidade e ao final, produtos com alto valor agregado. Esta é uma proposta do projeto “Bases tecnológicas para o desenvolvimento sustentável da aqüicultura no Brasil – Aquabrasil” que contempla espécies de importância econômica a nível nacional como o camarão L. vannamei, para resistência a doença da mionecrose infecciosa, a tilápia GIFT, introduzida da Malásia e as espécies de importância regional, como o tambaqui, para a região norte e o surubim, para a região centro-oeste, todas elas para incremento na taxa de crescimento.

E, fazendo isso, temos o objetivo de colocar a aqüicultura brasileira em um novo patamar de produção e com qualidade suficiente para o alcance dos mercados mais exigentes tornando o país conhecido também por sua produção aquícol

domingo, 4 de outubro de 2009

Anacre investe no melhoramento da raça nelore no Acre

A Associação do Nelore Acreano (Anacre) comemora o número recorde de nelores que serão avaliados na Expoacre 2009. A entidade, um das potências da edição deste ano no setor de pecuária, oferece um programa de melhoramento genético do rebanho nelore a pecuaristas, com objetivo de aumentar a lucratividade. Para isso, a Anacre está montando um laboratório in vitro que produzirá no Estado animais com um alto grau de competitividade, cuja marca será o fato de poder participar de grandes circuitos nacionais. Conforme Carlos Eduardo Frota, presidente da Anacre, além de ter retomado o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças, que promove a exposição da raça, incluindo leilões e apresentações dos animais, nesta quarta-feira, 29, acontece o abate e avaliação da raça, também conhecido por “julgamento”.

Uma parceria entre o Figorífico JBS Friboi Rio Branco e a Associação permitirá o abate de 500 animais, de 19 produtores rurais, que servirá para apresentar a qualidade da carne de nelores, considerada uma das melhores do mundo, por seu paladar apurado e macio. “Queremos mostrar aos nossos pecuaristas que viemos para impulsionar qualidade ao rebanho bovino acreano, algo que garante ao Acre uma posição privilegiada dentro do País e o primeiro na Amazônia”, afirma Frota, que mantém o empreendimento em sociedade com o criador Valmir Gomes Ribeiro, proprietário da Estância Terra.Ele aponta como vantagem ao criador a possibilidade de ganhos consideráveis na arroba do nelore, em relação a outras raças. “Enquanto que a arroba do boi comum é vendida a R$ 59,00, um investimento em melhoramento genético permitirá ao criador de nelore a comercializar a arroba por até R$ 61,00”, explica Carlos Frota.

Parece pouco, mas se considerados centenas de animais no pasto, o ganho final é considerável.

Outro fator favorável ao criador que adota o programa da Anacre é o fato de que a agregação à genética permitem a produção de até 60 bezerros por ano com a qualidade que só a raça Nelore possui. “Normalmente, o produtor que não tem o programa conta com somente 10 bezerros por ano”.

Fonte: Agência Agazeta.net

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Brasil Exportando Genética






Segundo notícia divulgada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o presidente da agência brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex–Brasil), e o presidente da associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), assinaram um convênio para a promoção de exportação de genética das raças Hereford e Braford.
Em seu discurso, Alessandro Teixeira (presidente da Apex-Brasil), destacou a Expoiter pela diversidade produtiva do país. “O Brasil é um grande produtor de tecnologia de ponta. Hoje temos a oportunidade de oferecer ao mundo todo a melhor genética das raças hereford e braford. Espero que na Expointer 2010 possamos comemorar os bons resultados deste convênio"
E Fernando Lopa (presidente da ABHB) disse "Com este projeto, colocaremos a nossa genética em diversos rincões do mundo, principalmente nos países do norte, onde as raças hereford e braford têm grande aceitação. Adaptamos os animais a campo, que não perdem em nada à produção em confinamento. Espero que esse projeto pioneiro traga muitos frutos para a Apex-Brasil, para a ABHB e para a pecuária nacional”.
Estima-se que com esse projeto serão gastos R$ 913 mil em sete meses, esse dinheiro será para incrementar as exportações de produtos da genética brasileira. Os produtos são basicamente: sêmen, embriões, reprodutores, matrizes e insumos agropecuários.
Esse projeto visa também consolidar a imagem do país como produtor de genética e carne de qualidade, que é um dos grandes diferenciais das raças hereford e braford. As ações previstas para serem realizadas vão desde a produção de material promocional até a participação em feiras internacionais. Isso tem por objetivo consolidar os mercados existentes e ampliar ainda mais esses mercados.Para a Expointer 2009 foram convidadas comitivas de 11 países - Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai, Paraguai, México, Estados Unidos, Canadá, Rússia, China e África do Sul, com o intuito de conhecer melhor os produtos brasileiros, bem como sua qualidade e o padrão das raças H. B..